O que é mistura rica? E mistura pobre?

Em Dúvidas automotivas por André M. Coelho

A maioria dos veículos de hoje funciona com gasolina, álcool, ou diesel. Para fazer o veículo se movimentar e funcionar corretamente, uma quantidade exata de ar deve ser misturada com uma quantidade apropriada de combustível no motor, sendo estes então queimados e transformados em energia mecânica.

A “perfeita” mistura entre ar-combustível é chamada de estequiometria. Esta é 14,7: 1, o que significa 14,7 partes de ar para 1 parte de combustível. Na realidade, a maioria dos motores raramente atinge esta proporção: eles geralmente tem uma mistura um pouco mais rica, na maioria das vezes. Um motor funciona com uma mistura mais rica quando se acelera, quando está mais frio, ou quando sob carga pesada.

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Mistura rica e mistura pobre de combustivel

Se houver muito combustível e ar não é suficiente, o motor está com a mistura rica. Ele terá um cheiro de ovo podre gasoso vindo do escape, emitindo um efeito que queima os olhos, e vai criar uma fumaça negra. Se houver demasiado ar e o combustível não for suficiente, o motor terá uma mistura pobre, podendo engasgar, desenvolver menos potência, dar “tiros”.

Em motores modernos controlados por computador, uma mistura rica ou pobre que não é resolvida por uma correção automática do próprio sistema resultará em uma luz de verificação no painel do veículo ser acendida, a famosa “luz de injeção”.

Qualquer uma das condições, tanto a mistura rica quanto a mistura pobre poderão resultar num pior consumo de combustível ou possíveis danos ao motor.

Uma mistura rica fará com que o veículo circule com o motor esquentando. Isto irá causar um entupimento do catalisador resultando na degradação do radiador. Se o seu carro está funcionando com uma mistura pobre, isso pode resultar em engasgos, especialmente perigosos no tráfego intenso.

Estequiometria do combustível

Para um motor saudável, é preciso atingir um perfeito equilíbrio entre a quantidade de ar e combustível que entra para a combustão, de forma a evitar tanto o problema da mistura rica quanto o da mistura pobre. Desse maneira, é possível aproveitar melhor o combustível, e estender a vida útil do motor por anos a fio. (Foto: www.geocities.ws)

Mistura rica: sintomas

Potência resultante ruim, apesar do veículo exigir muito pouco esforço para dar partida quando frio. Uma vez aquecido, porém, o desempenho do veículo piora.

Quando o motor do veículo está quente, a partida será mais difícil. A marcha lenta será irregular, tendendo a RPMs mais baixos, devido ao combustível em excesso dentro dos cilindros, podendo fazer o veículo morrer em alguns momentos.

Odor forte de combustível não queimado.

Acúmulo forte de depósitos de carbono de fuligem preta em velas de ignição. Casos graves podem até fazer com que a vela pare de funcionar, e fazer com que o cilindro pare de funcionar completamente.

O mesmo acúmulo de fuligem seca ocorre no sistema de escape.

O veículo responde mais lentamente ao acelerador.

Em casos de veículo com afogador, quando aquecidos, correm muito pior quando o mesmo é aplicado.

Consumo maior de combustível.

Fumaça preta durante acelerações mais fortes.

Remover o filtro de ar do veículo temporariamente faz ele funcionar melhor.

Quando o veículo é levado a altitudes maiores, ele tem um desempenho piorado.

Óleo de motor tem uma aparência preta, queimada.

Mistura pobre: sintomas

Potência resultante ruim, requer afogamento para dar partida. O veículo precisa de um bom período de aquecimento para poder sair.

O veículo aparenta ter um melhor desempenho, mas aquece mais rapidamente.

As velas de ignição se mostram excessivamente limpas, sem depósitos ou até com uma aparência levemente brilhante.

A marcha lenta é irregular, variando para RPMs mais elevados do que o esperado. É comum nos casos de mistura pobre os “tiros” no escapamento.

O veículo passa a ter uma resposta lenta para o acelerador, mas se recupera, geralmente acompanhado de um leve “tiro” no escapamento ou, pelo menos, uma “engasgada”. As respostas do acelerador, num geral, são bem vagas.

O carro “puxa”, de repente, quando você está em velocidade constante.

Em casos de veículo com afogador, com o veículo totalmente aquecido e o afogador acionado, funciona melhor.

Motor funciona mais quente que o normal e em casos extremos, o escapamento pode até chegar a uma cor vermelha.

Remover o filtro de ar temporariamente piora o funcionamento do motor.

Há ruídos incomuns de “sugadores” na área de injeção de combustível e ar.

Quando em altitudes mais elevadas, o veículo tem melhor desempenho.

Em desaceleração, leves “tiros” no escapamento ou engasgues.

Observação importante: observe que o primeiro sintoma tanto de mistura rica quanto de mistura pobre é potência resultando ruim ou piorada. Qualquer calibração diferente do ideal, rica ou pobre, irá reduzir a eficiência e potência de um motor.

Mistura pobre quebra motor…e mistura rica também!

Uma vez que você está no caminho certo, então você precisa observar os sintomas que seu veículo apresenta para relatar ao seu mecânico. Alguns diagnósticos e soluções mais comuns que ele poderá fazer sobre seu veículo, apesar de não serem os únicos possíveis, incluem uma verificação de circuitos de combustível e de ar, incluindo tubos de combustível.

A verificação de cada cilindro pode ser necessária pois um pode estar compensando a mistura do outro.

Para as misturas ricas, as possíveis causas podem incluir filtro de ar sujo, bicos injetores abertos ou entupidos, sensores defeituosos, ECU defeituosa, sensor de massa de ar defeituoso, sistema de arrefecimento defeituoso, sensor de temperatura de arrefecimento do motor defeituoso.

Para as misturas pobres, as possíveis causas podem incluir pressão ruim de combustível, vazamento de pressão do cilindro, válvulas abertas, regulador da bomba de combustível defeituoso, combustível insuficiente.

Esperamos que vocês tenham também mais sugestões de possíveis causas de misturas ricas e misturas pobres. Deixem nos comentários, junto com suas possíveis dúvidas!

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.

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