Quantos km\litro faz um carro híbrido fora do Brasil?
A Mitsubishi lançou no Japão o modelo Outlander híbrido que faz espetaculares 62,5 km/l! Lançamentos como este e outros mais, que ganham muito destaque no exterior e cada vez mais incentivos de órgãos governamentais lá fora nos fazem pensar quando veremos tais lançamentos no Brasil e na qualidade de nossa indústria automotiva. Será que veremos inovações como esta a preços acessíveis em nosso mercado?
Temos uma indústria automotiva em franco crescimento. A cada ano, vemos mais veículos saindo das fábricas, tanto para o mercado interno quanto para exportação. Montadoras trazem fábricas para o Brasil para reduzirem os custos de importação e se tornarem mais competitivas. Já estamos entre os maiores mercados consumidores de automóveis no mundo.
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Por outro lado, nossa tecnologia automobilística é praticamente toda importada, com pouco ou quase nenhum investimento em pesquisa e desenvolvimento sendo feito em nosso país. Tais investimentos são aqueles que reduzem custos de produção e que resultam em uma real liderança de mercado. Podemos afirmar que somos um país montador de carros, não um real fabricante de carros.
Nossos veículos com qualidade melhor, assim como todo produto de melhor qualidade no Brasil, são feitos para a exportação. O que sobra para nós são produtos de má qualidade e a preços exorbitantes. Não é preciso pesquisar muito para descobrir que o Honda Civic vendido no México é o mesmo veículo vendido no Brasil por um preço muito mais barato. Ou que a mesma versão do Golf na Europa é muito mais segura que a versão do Golf brasileiro porque no Brasil foi utilizado materiais diferentes para a produção do veículo, deixando-o com uma resistência menor. E isso, a um preço mais caro.
Parte da culpa desse preço vem da própria sociedade e nossa ignorância, no sentido de desconhecer fatos importantes, da nossa “burrocracia”. Ela é responsável pelos impostos que nos fazem trabalhar muito mais que países desenvolvidos ao redor do mundo por muito menos. Esse “menos” eu quero englobar serviços básicos que deveriam ser de qualidade para o brasileiro, como saúde, infra-estrutura e educação. Ao invés disso, temos um governo brasileiro atirando para todo lado e investindo esforços em empresas que deveriam já há muito tempo ter sido privatizadas, como a Petrobras.
Mas por que citar a privatização e a Petrobras em um artigo sobre automóveis?
De acordo com conceitos econômicos modernos (e não estou falando do vilão da esquerda brasileira, o neoliberalismo), o Estado não deve competir com o setor privado em áreas que não são consideradas básicas. Uma delas é a exploração do petróleo. Tudo bem o Estado ser acionista da companhia, agora ser acionista majoritário? Quem garante que o Estado não vai ser injusto com outras empresas? Quem garante que a Petrobras prezará pela qualidade dos serviços e da tecnologia? É fato: nossas plataformas e refinarias estão sendo geridas por um monte de incompetentes. Pergunte para qualquer pessoa que trabalhe para a Petrobras e você vai confirmar que esta empresa poderia estar fazendo muito mais dinheiro do que atualmente faz.
E junto com a Petrobras e a motivação para não privatizá-la, temos o lobby. O que é o lobby? São empresas que pagam a parlamentares para que eles votem em artigos de seu interesse. Tal ação não é regulamentada no Brasil ainda. E existem muitos parlamentares que são acionistas da Petrobras. Não seria interessante pra eles saberem que a grande petrolífera brasileira está nas mãos de pessoas sobre as quais eles não terão controle algum.
Chegamos então ao maior problema brasileiro: os políticos, como sempre.
Eles não estão interessados em investir em infra-estrutura. Imagine se houvesse uma lei que estabelecesse uma produção mínima de carros híbridos para o Brasil? As pessoas chegariam em suas casas às 19:00, ligariam seus carros nas tomadas e pronto: apagão geral nas cidades brasileiras. As estradas de má qualidade, mesmo as privatizadas, são um exemplo de engessamento de nosso funcionalismo público. A própria população, responsável também por um trânsito caótico e cheio de mal educados, sofre com isso devido à falta de investimentos em educação.
A falta de interesse de nossos políticos em investimentos vem de uma mentalidade pobre, herdada de nossos tempos coloniais, onde a preservação do mercado era mais “lucrativa” do que a modernização do mesmo. É um protecionismo a um mercado dominado por poucos e que é lucrativo para muitos de nossos políticos. E também, nunca haverão incentivos para nossas tecnologias enquanto nossos políticos continuarem governando do jeito que estão.
Estamos longe de uma quilometragem por litro tão econômica quanto este carro Mitsubishi do Japão. Mas já somos campeões na relação investimento financeiro/exploração de nossos políticos.
Sobre o autor
O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.
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