Parar de comprar carro novo vai fazer os preços baixarem?
As empresas tem tido cada vez mais lucros com a venda de carros no Brasil. Somos o quarto maior mercado mundial, atrás apenas de China, EUA e Japão. Temos um fácil acesso ao crédito e por isso, conseguimos comprar carros novos com muita facilidade. Se temos de dar uma resposta curta para a pergunta “Se pararmos de comprar carros novos os preços irão baixar?” a resposta é não. Mas uma resposta mais longa, podemos dizer que talvez.
O mercado automobilístico precisa renovar constantemente seu estoque de carros, já que bens tecnológicos depreciam, ou seja, perdem valor com muita rapidez. É por isso que é sempre melhor comprar carros ao fim do ano, quando todas as frotas estão sendo renovadas e os modelos do ano anterior estão sendo liquidados com muitos descontos.
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Como a indústria automobilística influencia muito a balança comercial brasileira e nossa economia, quando as vendas abaixam, o governo entra em ação com descontos nos impostos e até a facilitação do acesso ao crédito, visando manter este mercado aquecido e fazer o dinheiro rodar. Assim, ele também garante o recebimento de muitos impostos que incidem na fabricação e na venda de automóveis, que estão entre os mais altos do mundo.
Muitos já devem ter pensado em importar um carro por terem visto valores muito mais baixos lá fora. Porém, com os impostos que incidem sobre esta importação, você estará pagando mais de 80% do valor original do veículo só nas taxas, custos de envio e mais para a entrada dele em nosso país. O valor acaba fazendo a compra ter um preço quase proibitivo.
Se pensarmos pela lógica da lei de oferta e demanda, ou seja, quanto maior a oferta, e menor a demanda, menores serão os preços, podemos chegar a conclusão de que os carros teriam seus valores reduzidos com uma redução da demanda. Porém, como vimos ali acima, há um controle muito grande sobre o mercado, inclusive quando ele está aquecido. Já reparou quantas concessionárias tem filas de espera para carros novos? Isso ocorre porque nenhuma fábrica irá produzir mais carros do que as estimativas do mercado predizem.
É feita sempre uma análise histórica do mercado, dados das vendas dos veículos são levantados e uma análise do cenário econômico nacional e internacional é realizado, estipulando uma quantidade mínima de produção para atender a demanda interna e externa do mercado e uma margem de segurança de produção para estoque.
Portanto, por parte das fábricas, haverá sempre um custo fixo de produção e que elas provavelmente não irão mudar, pois sempre haverão novas tecnologias a serem colocadas nos veículos e que os deixarão com valores mais caros. É assim que funciona a indústria tecnológica.
Agora vejamos pelo lado do consumidor. Digamos que um carro, quando sai da concessionária, ele já perca cerca 5% de seu valor. E isso pensando em modelos mais populares, pois temos de levar em conta o mercado de usados e seminovos para estipular esta desvalorização. Um cliente pode ter optado por pagar a vista ou, como a maior parte da população, por um financiamento que eleva o preço do veículo devido aos juros. O que leva o cliente então a comprar o carro novo ao invés de um usado com um ano recente de fabricação e com uma desvalorização anual muito menor?
Ao comprar na concessionária, você pode escolher vários opcionais e personalizar seu veículo. Um carro novo que der problemas, é só levar na concessionária que a garantia cobre. Agora um carro usado você já não sabe quem pegou ele, por onde ele passou ou o que já fizeram de reformas nele. Por um lado, temos o risco da desvalorização. Por outro, temos o risco de alguém estar tentando nos passar a perna com um veículo que vá requerer muitos reparos, resultando em gastos maiores. O sistema financeiro também facilita muito mais a compra de um carro novo do que um carro usado e as promoções, com taxas menores, são quase sempre para carros novos.
Portanto, não acontece um interesse por parte da indústria automobilística para a redução dos preços dos veículos. E muito menos nosso governo quer reduzir os impostos, pois também é uma forma de regular o trânsito já caótico das cidades brasileiras colocando menos veículos nas ruas, mesmo que isso não esteja funcionando tão bem. O povo, ainda desinformado das diferenças de preços entre os veículos aqui e em outros países, se conforma em comprar os veículos por preços altos e mantém o mercado aquecido.
Nossa resposta da baixa de preços ser um “talvez” vem da conscientização da população: uma população bem informada fará boicotes. Forçará reduções de preços. Por enquanto, só veremos reduções muito pequenas em impostos como forma de induzir a compra por parte da população, não resultando em quedas drásticas. Mas, em momentos de crise ou de revolta da população fazendo um boicote, algo muito difícil na nossa sociedade, as coisas podem ser diferentes.
Sobre o autor
O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.
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