Motor retificado é bom? Dura quanto tempo? Consome mais?

Em Dúvidas automotivas por André M. Coelho

Um motor pode ter que passar por uma retífica por vários motivos. Pode ter acontecido um superaquecimento, e o motor acabou empenando. Talvez as galerias por onde passa o líquido de arrefecimento estejam rachadas ou enferrujadas. O cilindro talvez precise de uma retífica porque óleo está passando pelos pistões. Ou, quem sabe, a superfície do cabeçote não está tão plana quanto antes e precise ser aplainado. Seja qual for o motivo, muitas pessoas ainda tem dúvidas sobre o processo de retífica. E conversando com um torneiro mecânico, reunimos as informações mais importantes sobre esse processo.

Leia também

O que é um motor retificado?

Retificar um motor são alguns procedimentos realizados para consertar possíveis defeitos e problemas que o bloco pode ter ao longo de sua vida útil. Nem todo motor precisa ser retificado por falta de manutenção, apesar de ser esta a maior causa de uma retífica. A idade de um bloco de motor influencia na necessidade da retífica, para consertar as deformações que o sistema sofre com o tempo.

A retífica em si pode envolver vários testes e procedimentos. Não é o caso desse artigo analisar a fundo todos esses processos, mas vamos listar a maioria deles:

Agora que você sabe o que é feito em uma retífica de motor, vamos responder às dúvidas mais comuns sobre o procedimento.

Resultados da retífica do motor

Esse é o resultado de um bloco de motor que acabou de passar por uma plaina em uma retífica. Se bem feita, a retífica pode até prolongar a vida útil de um motor. (Foto: Performance Unlimited)

Motor retificado consome mais combustível?

Quando o motor sai da retífica, é quase como se fosse um motor novo. As peças foram trocadas, o motor ainda está se adaptando a certos movimentos. Por isso, o motor precisa ser amaciado, da mesma forma que um motor novo. A troca de óleo do motor retificado deve ser feita prematuramente, pois as partes novas precisam de um maior cuidado. Nesse contexto de manutenção correta e assumindo que a retífica foi feita corretamente, o motor retificado irá sim, consumir mais combustível em um primeiro momento. Mas depois de algum tempo de uso, o motor voltará a um consumo perto do normal.

Na maioria das retíficas realizadas, o veículo pode passar a ter um desempenho e consumo melhor do que antes, já que a necessidade de retifica já demonstra que o motor não estava em seu melhor estado de funcionamento. Retíficas com o propósito de melhorar o desempenho do motor, como é o caso de carros esportivos, podem acabar também aumentando o consumo. Finalmente, uma retífica feita sem o equipamento adequado, testes para trincas, instrumentos de medição e montagem do motor da maneira correta, podem resultar em um consumo mais alto de combustível.

Motor retificado: como amaciar?

Algumas retíficas já entregam motores pré amaciados, mas isso é raro. O mais comum é o motorista ter de amaciar o motor pelos primeiros 500 km a 1000 km depois da retífica. Isso é feito de forma simples, apenas dirigindo seu carro com alguns cuidados.

O amaciamento é feito não levando o motor a rotações muito altas, e prezando pela troca constante de marchas e faixas de RPM. Essas alterações fazem com que o motor passe por várias faixas de funcionamento ideal, preparando-o para funcionar normalmente. Evite manter uma velocidade constante durante esses 500 km a 1000 km, faça uma troca de óleo aos 1000 km e, preferencialmente, utilize um condicionador de motor no óleo, para reduzir o atrito entre as peças.

Motor retificado: qual óleo usar?

O mesmo óleo recomendado pela fabricante, geralmente. Seu mecânico é a melhor pessoa para te dar essa resposta, já que em raros casos pode ser melhor usar um óleo mais ou menos viscoso, dependendo da folga entre as peças do veículo. Mas qualquer que seja o óleo utilizado, use um condicionador de motor para reduzir o atrito e preservar as peças.

Motor retificado perde potência?

Novamente voltamos à questão do serviço bem feito x serviço mal feito. Uma retífica feita corretamente pode melhorar o desempenho de um motor velho ou danificado. No caso de uma retífica feita para deixar o veículo com um desempenho esportivo, pode acabar deixando o veículo com uma potência maior. Mas novamente, tudo dependerá da qualidade do serviço, dos testes realizados, e se tudo foi montado corretamente no veículo.

Motor retificado é bom?

A resposta curta é sim. A resposta longa? Talvez. Não dá pra saber se um motor retificado é bom se não houve um acompanhamento do serviço que foi realizado, ou se não se sabe o que causou a retífica. Por exemplo, uma retífica que foi necessária devido a uma má manutenção do veículo, é sinal claro de que um motor retificado pode não ser uma boa opção, já que a tendência é que o proprietário não mantenha uma manutenção correta do restante das peças do veículo. O que os motoristas devem lembrar é que o motor faz parte de todo um sistema de um veículo, e sem esses sistemas funcionando corretamente ou recebendo a manutenção certa, um motor retificado de nada adiantará para o carro, e pode ter que fazer uma nova retífica em pouquíssimo tempo. Em resumo: um bom motorista, em conjunto com um bom trabalho de torneiro mecânico, mantendo uma boa manutenção do carro, é que fazem o resultado da retífica boa ou ruim.

Quanto tempo dura um motor retificado?

Pode durar anos a fio, dependendo é claro, da manutenção dada ao veículo. Um motor retificado pode ter uma durabilidade estendida por anos a fio, até maior do que a durabilidade antes da primeira retífica, em alguns casos. Cabe ao motorista preservar o veículo e manter a manutenção em dia para garantir os bons resultados da retífica.

Se seu motor, após a retífica, apresentar barulhos, fumos, entre outros problemas, pode ser sinal de um trabalho mal feito. Leve o veículo para o mecânico e o torneiro de volta para verificação do trabalho feito.

Você já teve um motor retificado? Quais foram os resultados obtidos? Ficou satisfeito com a retífica?

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

O pai de André já teve alguns carros clássicos antes de falecer, como Diplomata, Chevette e Opala. Após completar 18 anos, tirou carteira de moto e carro, comprando então sua primeira moto, uma Honda Sahara 350. Fez um curso de mecânica de motos para começar uma restauração na moto, e acabou aprendendo também como consertar alguns problemas de carros. Seu primeiro carro foi uma Nissan Grand Livina de 2014 e pretende em breve comprar uma picape diesel. No caminho, vai compartilhando tudo que aprende no site Carro de Garagem.

Deixe um comentário